quinta-feira, 13 de maio de 2010

POLÍTICA HOJE É ACERTO ENTRE OPORTUNISTAS!!!


DE COLLOR A MALUF, PARTIDOS FAZEM ALIANÇAS EXDRÚXULAS!!!

Cláudio Leal.

Em 2010, as alianças eleitorais vão poupar os eleitores do habitual tiroteio ético entre os principais partidos brasileiros. Casamentos com ex-rivais e históricos fichas-sujas cadenciam a valsa das eleições majoritárias. As pré-campanhas do PT e do PSDB à presidência da República recomendam contenção mútua de artilharia.

Em São Paulo, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, se encontrou com o deputado federal Paulo Maluf (PP), ex-governador de São Paulo preso pela Polícia Federal em 2005 e incluído este ano na lista de procurados da Interpol. Guerra fez as cortes de Serra para conquistar o apoio do PP, que já se bandeou para o PSDB no Rio Grande do Sul. Maluf prometeu se empenhar pela presença do senador Francisco Dornelles na vice da chapa tucana. As núpcias de fogo incluem ainda a associação Serra & Orestes Quércia (PMDB).

O namoro com o eleitorado conservador de São Paulo precede o ágape malufista. Em 15 de abril, numa entrevista à Rádio Bandeirantes, Serra usou uma frase que tanto pode ser uma crítica a Dilma quanto um afago no patrono da Rota: "Lembra o que ocorreu em São Paulo com Maluf e Pitta? O Maluf estava bem avaliado e bancou o Pitta. O Pitta foi diferente do Maluf ou não foi? Foi outra coisa. Não necessariamente o sucessor replica o antecessor, mesmo tendo sido apoiado por ele", comparou.

À rádio CBN, Serra justificou o apoio do pai do Minhocão: "Não é ter apoio do Maluf, o Maluf é um, é muita gente. Como tem o partido do (Fernando) Collor. O Collor vai apoiar a Dilma, o seu partido não sei para onde vai."

Fez bem em lembrar o Collor. Em Alagoas, o ex-presidente da República, que sofreu um impeachment em 1992 e usou baixezas contra Lula na campanha de 1989, lançou-se ao governo do Estado e declarou apoio a Dilma Rousseff (PT). No plano federal, nenhuma surpresa, pois Collor (PTB) integra a base aliada do ex-rival petista no Senado.

Para conter o retorno collorido e a avaria na candidatura governista de Ronaldo Lessa (PDT), a ajuda emergencial do senador Renan Calheiros (PMDB), que renunciou à presidência do Senado, em 2007, para controlar as acusações de tráfico de influência, por ter despesas pessoais pagas pela empreiteira Mendes Júnior.

(Tablados estaduais. Por ora, nada impede uma viradinha de mesa no Maranhão, onde o PT decidiu juntar-se ao pré-candidato do PCdoB ao governo, Flávio Dino. O senador José Sarney pressiona os petistas para apoiarem a filha, Roseana).

No Rio de Janeiro, PT e PSDB se afinam igualmente nas junções eleitorais esdrúxulas. O ex-governador Anthony Garotinho (PR) quer Dilma. Depois de ter feito oposição duríssima, o deputado federal Fernando Gabeira costurou, pacientemente, um acordo com o ex-prefeito carioca César Maia (DEM), um dos pilares de Serra no Rio.

Os paraenses podem assistir ao nascimento de um Frankenstein se a governadora petista Ana Júlia Carepa vencer as divergências de repartição do poder com o ex-governador Jader Barbalho (PMDB), que, em 2001, renunciou à presidência do Senado, atingido por bombardeios de denúncias sobre enriquecimento ilícito. Em 2002, Jader foi preso pela Polícia Federal durante investigações de desvios na Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).

Na Bahia, o Frankenstein já nasceu, mas poderia ser menos apresentável. O governador Jaques Wagner (PT) escolheu como vice o ex-afilhado político de Antonio Carlos Magalhães, Otto Alencar (PP). Quase arregimentou outro ex-rival, o senador César Borges (PR), que se uniu a Geddel Vieira Lima (PMDB) depois de ver fracassar o acordo para as eleições proporcionais.

O avental ficou sujo de ovo, outra vez, em São Paulo. O pré-candidato petista ao governo, Aloizio Mercadante, conquistou o malufista e neolulista Agnaldo Timóteo (PL) e articula uma chapa com o professor Gabriel Chalita (PSB, 41 anos e 51 livros publicados), o ex-secretário de Estado do PSDB e ex-biógrafo da primeira-dama Lu Alckmin.

O único gesto de recusa veio da pré-candidata do PV à presidência, Marina Silva, em recente visita ao Rio Grande do Norte. Ela declarou que não vai subir no palanque do senador José Agripino Maia, apoiado pelo PV no Estado. Marina terá um tablado verde e espírita na Bahia: Luiz Bassuma, o deputado pressionado a se retirar do PT por ser contrário ao aborto. Recém-filiado ao PV, Bassuma recebeu uma missão política de relevância, antes de postular o governo baiano: foi portador de cartas psicografadas do ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães, morto em 1998. Encaminhou as mensagens para a família sem abrir o envelope - nem por curiosidade.

Copiado do Terra Magazine - Bob Fernandes


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